sábado, 11 de abril de 2009

ETERNO DIA




O sol ainda queima as vastas paisagens
Por onde eu vinha caminhando
Tentando esquecer minha triste sina
E as provações pelas quais havia passado.


Sai cedo, cedo demais na vida
A caminhar solenemente nos lugares
Onde se escondem os sentimentos
E as dores que covardemente nos causam


Nem tive tempo de parar pra descansar
Tive sede, tive sono, há séculos não hesito
Em dar um tempo a minha jornada
E lanço-me perdidamente pelos canteiros.


Sozinha, desamparada, vagando no tempo
Sentindo o calor, o vento, a chuva
Bebendo do suor e das lágrimas salgadas
Que escorrem ácidos do meu rosto.


Vou me afastando de tudo e de todos
Que não queria ver nunca mais
E que, presos às minhas doloridas costas,
Perseguem-me meio que paralelamente.


Enforco, assassino em mim as mágoas
Pra que possa continuar menos sofrida
Talvez mais feliz, otimista e ávida
Mas suas almas não se afastam.


A noite há de chegar precipitada
Pra que eu possa quietar em mim
Um tanto dessa angústia, outro da solidão
E adormecer em meu ser a agonia.


02/10/05